Natascha Falcão lança o EP "Universo de Paixão II" exaltando suas raízes nordestinas
No novo trabalho da cantora, compositora e atriz pernambucana, canções de grandes nomes do cancioneiro da região e releituras de clássicos da axé e do pagode vertidos em forró
Em dia de “Santo Casamenteiro”, se depender de Natascha Falcão, paixão – ao som do bom e velho forró – é o que não falta! A cantora, compositora e atriz pernambucana acaba de lançar, nesta sexta (13), Dia de Santo Antônio, o EP “Universo de Paixão II”, segundo ato dessa história de amor entre a artista e suas raízes.
O novo trabalho, que sai pela gravadora Biscoito Fino, traz cinco faixas, entre canções de compositores que são alicerces da cultura nordestina – Zé Ramalho, Dominguinhos, Anastácia, Alceu Valença – e releituras de clássicos da axé music e do pagode dos anos 1990. Tudo vertido para o forró, gênero que Natascha canta com devotada emoção.
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Raízes
Natascha Falcão é pernambucana e vive há 12 anos no Rio de Janeiro (RJ). Profundamente apaixonada por sua gente, pela cultura do seu povo, ela considera que “Universo de Paixão II” não significa necessariamente matar saudades de Pernambuco ou do Nordeste.
“Eu acho que nunca me afastei tanto ao ponto de sentir saudade. Claro que eu sinto, do dia a dia, das pessoas, das paisagens, do cheiro da cidade, das comidas e tudo. Mas, no meu fazer artístico, em tudo o que eu faço, eu reverencio muito a minha cultura e as minhas raízes”, explica Natascha, cujo primeiro álbum, “Ave Mulher” (2023), endossa o que diz: forrós, cocos, ciranda e maracatu estão no disco de estreia.
Nesta sequência de “Universo de Paixão” – no primeiro volume, Natascha trouxe releituras de “forrós das antigas” em versões mais minimalistas –, a artista considera que se aproximou ainda mais das suas raízes, com elementos musicais tipicamente nordestinos.
“Eu acho que ele tá mais raiz, porque eu trouxe o trio, tem a sonoridade… a sanfona, a rabeca, a zabumba, o triângulo, o ganzá. Eu fiz muita questão de trazer essas sonoridades tradicionais do forró”, conta Natascha, que co-produziu o EP com Beto Lemos.
Releituras
“Universo de Paixão II” abre com “Beija-flor”, um axé, canção emblemática da Timbalada. Sugestão do parceiro e produtor Beto Lemos, inicialmente, suscitava dúvidas, até ganhar como introdução um áudio resgatado por Natascha, de sua avó, Swame, a quem sempre chamou de “Mãinha”.
É com as bênçãos dela que Natascha abre os trabalhos. “Acho que a música ganhou um significado tão forte, que, para mim, é como se eu tivesse sempre cantando para ela”.
Na sequência, “Farol das Estrelas”, sucesso do grupo de pagode Soweto, já era cantada por Natascha no Forró na Lagoa, que promove, semanalmente, no Rio, com a alagoana Vitória Rodrigues e o carioca Igor Conde. Acabou virando pedido dos fãs, entrando no EP e caindo como uma luva na versão xote.
Nordeste no sangue
Com uma arregimentação robusta de cordas e percussão por Beto Lemos e sanfona por Ranier Oliveira, “Banquete dos Signos”, de Zé Ramalho, ganha interpretação ao mesmo tempo vigorosa e melodiosa de Natascha, cuja paixão, nesta, recai sobre os signos (símbolos) de sua identidade nordestina.
“Desilusão”, uma das inúmeras feitas pelo então casal Dominguinhos e Anastácia, traz uma interpretação de Natascha com forte carga emocional – como a canção exige –, acompanhada apenas por Ranier Oliveira, à sanfona. É para ouvir com um lenço em mãos.
“Universo de Paixão II” encerra com “Solidão”, canção de Alceu Valença.
“Eu acho essa música uma viagem maravilhosa. Eu consigo me ver assim. Eu sinto muito a solidão, longe da minha cidade, da minha família, mas, eu acho muito precioso também saber ser só, é um campo muito fértil de autoconhecimento e magia, e essa música muito mágica. E essa coisa de Alceu, meio profeta, meio a Carta do Louco também, né? É possível esse jogar do abismo e esperar o “Universo de Paixão III”.