China e EUA prosseguem com negociações para consolidar trégua comercial
Poucas informações foram reveladas sobre as conversas, no entanto
As negociações comerciais entre China e Estados Unidos estão sendo produtivas, afirmou na noite desta terça-feira (10) o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, antes de retornar para Washington, segundo uma fonte oficial americana.
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Bessent, que lidera a delegação dos Estados Unidos, retirou-se no fim do dia das reuniões, iniciadas na véspera, porque participará de uma audiência no Congresso americano. Ele informou que o secretário de Comércio e o representante comercial da Casa Branca (USTR) prosseguiriam nas negociações com a delegação chinesa, liderada pelo vice-premier He Lifeng, segundo a fonte americana.
A nova rodada de negociações busca prorrogar a trégua assinada há um mês em Genebra, que levou as duas maiores potências econômicas a reduzir substancialmente suas respectivas tarifas por um período de 90 dias.
"Estou recebendo bons relatórios. Tudo está indo bem. Mas a China não é fácil", disse ontem o presidente dos Estados Unidos. Esse sinal positivo foi confirmado no começo desta nesta terça-feira pelo secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, em entrevista à Bloomberg TV: "Conversamos o dia todo ontem e espero que conversemos novamente hoje. Está tudo indo bem."
Na Suíça, Washington concordou em reduzir as tarifas sobre os produtos chineses de 145% para 30%, em troca de um movimento similar por parte de Pequim, que diminuiu suas tarifas de 125% para 10%, por um período de três meses.
As delegações voltaram a se reunir nesta terça-feira na Lancaster House, no centro da capital britânica, entre o Palácio de Buckingham e Trafalgar Square.
"Pontos de divergência"
As terras raras da China, fonte de divergência entre os dois países, constituem um ponto crucial das negociações, já que os Estados Unidos esperam que o ritmo das exportações dos metais estratégicos seja restabelecido, após uma desaceleração registrada desde que Trump iniciou sua guerra comercial em abril.
"Em Genebra, aceitamos reduzir nossas tarifas e eles concordaram em permitir a exportação de ímãs e terras raras de que precisamos", destacou Kevin Hassett, principal assessor econômico de Trump, ao canal CNBC.
Contudo, embora a China tenha permitido as exportações, estas ocorreram "a um ritmo muito menor do que o considerado ideal pelas empresas", segundo Hassett.
As terras raras chinesas são cruciais para as baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas e até mesmo sistemas de defesa (mísseis, radares, satélites).
A China deseja que os Estados Unidos reconsiderem vários controles sobre a exportação sobre seus produtos. Ao ser questionado sobre a possibilidade, Trump se limitou a um lacônico e evasivo "vamos ver".
"Concessões"
Ipek Ozkardeskaya, analista do banco Swissquote, afirmou que os mercados foram tranquilizados na segunda-feira por "rumores" de que "os Estados Unidos poderiam estar dispostos a fazer concessões".
"Os investidores estão dispostos a se apegar a qualquer notícia positiva relacionada ao comércio", observa, por sua vez, Kathleen Brooks, diretora de pesquisas na XTB, que destaca como algo positivo o simples fato de que as negociações tenham sido prolongadas.
O encontro acontece após uma conversa telefônica na semana ada entre os presidentes dos Estados Unidos e da China, qualificada como "muito positiva" por Trump, enquanto Xi Jinping pediu a seu homólogo para "corrigir o rumo do grande barco das relações sino-americanas", segundo a imprensa chinesa.
Também acontece após um agravamento das tensões na semana ada, quando Trump acusou Pequim de não respeitar os termos do acordo de desescalada estabelecido em Genebra.
Enquanto trabalha na normalização das relações com Washington, o governo da China iniciou conversações com outros parceiros para formar uma frente comum contra os Estados Unidos.