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Economia

"A gente não está no limiar de uma crise fiscal", aponta Eduardo Giannetti

Economista diz que crise é um problema que se anuncia e precisa ser enfrentado. Contudo, ele pondera que somente aumentar a arrecadação não é a resposta

O escritor, professor e economista Eduardo Giannetti visitou a Folha de Pernambuco, na manhã desta sexta-feira (13), acompanhado do colunista de economia da Folha Alfredo Bertini. Na ocasião, Giannetti foi recebido pela vice-presidente do jornal, Mariana Costa; pelo Diretor Operacional, José Américo Lopes Góis; e pela editora-chefe, Leusa Santos.  

Eduardo Giannetti está no Recife para o lançamento da obra “Imortalidades”, que também foi realizado nesta sexta, no Novotel Recife Marina, no Bairro do Recife, área central da cidade. O professor também participa do lançamento do livro “Nem 8, Nem 80: de Folha em Folha, 5 Anos de Crônicas Econômicas”, de autoria de Alfredo Bertini. O evento será realizado neste sábado (14), às 15h, também no Novotel.

Além de abordar o lançamento do seu livro, o economista também falou sobre a situação econômica do Brasil.  

Imortalidades  
Segundo Giannetti, o seu último livro lançado aborda o anseio humano de perenidade e como o indivíduo busca projetar a sua existência para além da finitude biológica. Ele pontuou que é um projeto pensado ao longo de 40 anos.

“Esse é um anseio ancestral, e animal. Viver para além de si. São quatro maneiras, e cada parte do livro explora uma dessas quatro”, afirmou o escritor.  

O autor reflete sobre quatro questões principais: prolongar a vida (viver mais e viver para sempre); esperanças supra terrenas; expectativa terrenas (o desejo de viver na memória das gerações futuras); e o presente absoluto.

“O tema central deste livro não é a morte, é a afirmação da vida. É a afirmação da vida para além da morte”, destacou Giannetti.  

Economia  
Na conversa, o economista também avaliou que os números da economia brasileira não são ruins e que o mercado analisa com um “pessimismo exagerado”.  

“O desemprego está no menor nível histórico, o país está crescendo mais de 3% há quatro anos, número de mortes violentas caiu 28% nos últimos quatro anos, o desmatamento da Amazônia caiu. É lógico que tem o problema fiscal, mas não é um problema de beira de precipício. Nós não estamos no limiar de uma crise fiscal. É um problema que se anuncia e que se não for endereçado, vai se agravar e que vai ser atacado se tudo ocorrer bem, no início do próximo governo”, disse Giannetti.  

Números fiscais
De acordo com o economista, fazer ajuste fiscal com arrecadação de impostos não é o melhor caminho, mas mostra que o governo está querendo cumprir as metas do arcabouço fiscal. Apesar disso, avalia que a arrecadação chegou ao limite.  

“Arrecadar mais não é uma boa alternativa. Agora taxar as bets eu acho que está correto. Eu acho que tinha que taxar mais o comércio eletrônico, que é pouco taxado. Agora, ajuste fiscal pelo lado da arrecadação, eu acho que chegou no limite. Pode-se pensar numa melhor distribuição da arrecadação, fazer com que quem ganha mais, pague mais. Mas aumentar a carga tributária do Brasil, eu acho que já ou da hora”, analisou Eduardo.  

Ainda segundo Giannetti, o Brasil arrecada 34% do Produto Interno Bruto (PIB) em impostos, consolidado da carga tributária bruta (união, estados e municípios).  

“Como é que um país que tem essa carga tributária, que não é de hoje, não atende as necessidades mais elementares de cidadania, como coleta de esgoto. Você teve autoritarismo, democracia, esquerda, direita, o fato bruto é esse. O estado brasileiro não cumpre minimamente a função que lhe diz respeito, que é ensino fundamental de qualidade e saneamento básico”, questionou.  

Futuro do Brasil  
Para Giannetti, o futuro do Brasil será decidido a partir da educação.

“O futuro do Brasil vai ser decidido nas milhares de salas de aulas do nosso imenso país, em cada uma delas. Se nós demos a cada cidadão nascido no Brasil, a condição de desenvolver o seu pleno potencial humano, o Brasil tem tudo para se tornar um líder econômico, cultural e ético, para a humanidade em crise”, avaliou.

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