ONU: apesar dos avanços, 138 milhões de crianças trabalharam em 2024
Relatório divulgado nessa quinta-feira (11) aponta que, no ritmo atual, a erradicação do trabalho infantil levaria centenas de anos
Apesar dos avanços, quase 138 milhões de crianças ainda trabalhavam em todo o mundo em 2024, segundo um relatório publicado nesta quarta-feira (11) pela ONU, que teme que, no ritmo atual, a erradicação do trabalho infantil demore "centenas de anos".
Em 2015, ao adotar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, os países estabeleceram a ambiciosa meta de acabar com o trabalho infantil até 2025.
"O prazo chegou ao fim. Mas o trabalho infantil não", afirmaram o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em seu relatório conjunto.
No ano ado, 137,6 milhões de crianças com idades entre 5 e 17 anos trabalhavam, o equivalente a 7,8% de todas as crianças nesta faixa etária, segundo dados que são publicados a cada quatro anos.
Isto representa uma diminuição na comparação com o ano 2000, quando 246 milhões de crianças eram obrigadas a trabalhar, em muitos casos para ajudar suas famílias.
Após um aumento preocupante entre 2016 e 2020, a tendência foi revertida: no ano ado, 20 milhões de crianças a menos trabalhavam na comparação com 2020.
"Avanços significativos" foram registrados na redução dos números do trabalho infantil, afirmou Catherine Russell, diretora da Unicef.
"Muitas crianças, no entanto, seguem trabalhando em minas, fábricas ou campos, frequentemente realizando trabalhos perigosos para sobreviver", acrescentou.
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No atual ritmo de redução, "levará centenas de anos" para eliminar o trabalho infantil, disse Claudia Cappa, especialista do Unicef.
Segundo o relatório, quase 40% das 138 milhões de crianças que trabalharam em 2024 estavam em empregos de risco, "que poderiam colocar em perigo sua saúde, segurança ou desenvolvimento".
As conclusões do relatório trazem "esperança e mostram que é possível avançar", declarou o diretor-geral da OIT, Gilbert F. Houngbo. Ele alertou, no entanto, que resta um "longo caminho a percorrer".
"As crianças devem estar na escola, não trabalhando", afirmou.