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opinião

A governança vai garantir o futuro do seu negócio

Apenas 30% das empresas familiares chegam à terceira geração, e menos da metade delas segue em operação. O dado, do Banco Mundial, revela um risco recorrente e muitas vezes silencioso: a ausência de uma governança sólida, essencial para proteger o legado, a reputação e a sustentabilidade do negócio ao longo do tempo.

No Brasil, onde 90% das empresas são familiares, o desafio é ainda maior. Essas organizações geram 75% dos empregos e representam cerca de 65% do PIB, segundo o IBGE. Dessas, 96% têm capital fechado e, portanto, não estão sujeitas às exigências do mercado de capitais.

Porém, a adoção de boas práticas de governança é essencial, ainda que voluntária. Afinal, mesmo as mais bem-sucedidas podem ter a sua continuidade ameaçada por fatores que vão além dos resultados financeiros. Conflitos familiares, sucessões desordenadas, sobreposição de papéis e falta de processos claros dificultam a tomada de decisão e comprometem tanto a operação quanto a reputação construída ao longo dos anos.

Por isso, muitas empresas investem cada vez mais em mecanismos de governança, instituindo conselhos e criando comitês. Esses fóruns não são apenas estruturas formais, mas investimentos estratégicos na longevidade do negócio. Eles ajudam a antecipar riscos, prevenir conflitos e garantir que os valores da empresa sejam preservados, independentemente de mudanças no mercado ou na liderança.

Mas não se pode falar em longevidade sem falar de reputação e legado, que caminham juntos. A percepção que clientes, fornecedores, colaboradores e comunidades constroem sobre uma empresa não depende apenas da qualidade dos produtos ou serviços, mas da maneira como ela conduz seus negócios, trata seus parceiros, assume responsabilidades e responde a dilemas éticos.

Empresas que compreendem essa dinâmica fazem da governança e da reputação pilares estratégicos. Elas protegem o presente ao mesmo tempo em que constroem um futuro sólido, abrindo espaço para novos ciclos de crescimento.

A força das marcas nasce dessa coerência, da sintonia entre o que a empresa promete e o que realmente entrega, não de campanhas publicitárias ou narrativas bem elaboradas - ainda que estas tenham papel fundamental para alimentá-la. Esse compromisso se manifesta tanto nas interações cotidianas quanto nas grandes decisões.

Para que esse alinhamento se sustente, a governança deve garantir supervisão qualificada, gestão de riscos, clareza nas decisões e aderência aos valores da empresa. Assim como uma reputação forte depende de uma governança estruturada, o crescimento sustentável exige uma gestão responsável dos ativos intangíveis — como marca, credibilidade e confiança dos públicos de interesse.

Confiança é justamente o que está no centro de tudo. E esse é um ativo que tem de ser construído diariamente, por meio de práticas transparentes, padrões rigorosos de integridade, comunicação clara e decisões orientadas por princípios que não se dobram às pressões ou conveniências do momento.


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