Zelensky pede ação concreta de aliados após Rússia lançar um dos maiores ataques aéreos contra Kiev
O ataque massivo, que fontes locais afirmam ter durado mais de cinco horas, é parte da resposta contínua do Kremlin à Operação Teia de Aranha
A Rússia lançou um ataque aéreo massivo contra a Ucrânia nesta terça-feira, no que foi apontado por autoridades locais como um dos maiores bombardeios a atingir Kiev, além de provocar destruição em outras partes do país. Um total de 315 drones e sete mísseis foram disparados em diferentes regiões do país, atingindo alvos em sete dos 10 distritos de Kiev, e uma maternidade em Odessa, no sul.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, pediu "ações concretas" dos aliados após o ataque. Ao menos duas pessoas morreram.
O ataque massivo, que fontes locais afirmam ter durado mais de cinco horas, é parte da resposta contínua do Kremlin à Operação Teia de Aranha, por meio da qual a Ucrânia conseguiu destruiu bombardeiros militares russos usando drones infiltrados no território inimigo. No dia anterior, a Rússia já havia disparado 419 drones contra a Ucrânia.
O bombardeio desta terça foi apontado como um dos mais intensos à capital, segundo Zelensky. Em uma publicação na rede social X, o presidente ucraniano afirmou que os ataques com mísseis e drones iranianos shahed "abafam os esforços dos EUA e de outros países ao redor do mundo para forçar a Rússia à paz".
Em Kiev, pelo menos quatro pessoas ficaram feridas nos bombardeios, qualificados pelo prefeito Vitali Klitschko como "ataques maciços". Os ataques causaram incêndios em edifícios e automóveis, com fontes ucranianas mencionando danos a construções civis. O Kremlin anunciou em um comunicado ter atingido alvos militares.
Uma jornalista da AFP ouviu pelo menos 12 explosões e disparos da defesa antiaérea no centro da capital. A Força Aérea ucraniana anunciou ter abatido 213 drones e sete mísseis.
Moscou intensificou os ataques contra a Ucrânia, que responde com operações militares em território russo, apesar dos esforços para impulsionar as negociações de paz e acabar com mais de três anos de guerra. As negociações promovidas pelos Estados Unidos e com mediação da Turquia, no entanto, não conseguiram alcançar um acordo para um cessar-fogo. O único resultado concreto foi o anúncio de uma troca de prisioneiros.
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Em Odessa, no sul, os ataques a prédios residenciais provocaram duas mortes, informou o governador Oleg Kiper.
"O inimigo atacou Odessa maciçamente com drones. Infraestruturas civis sofreram danos e há incêndios. Os russos atingiram uma maternidade, um centro de emergências médicas e edifícios residenciais" acrescentou Kiper.
A Ucrânia também intensificou os ataques de drones contra instalações estratégicas na Rússia e 13 aeroportos foram fechados durante a noite por questões de segurança, incluindo os quatro terminais aéreos de Moscou e o de São Petersburgo.
Troca de prisioneiros
O único avanço concreto das negociações da semana ada em Istambul foi o anúncio formulado na segunda-feira por Kiev e Moscou de uma troca de prisioneiros de guerra que acontecerá nos próximos dias. Nenhum dos países especificou o número de soldados que serão trocados na operação que começou na segunda-feira.
Após a reunião em Istambul, os dois lados concordaram em libertar todos os prisioneiros gravemente feridos ou doentes, assim como os menores de 25 anos. Também anunciaram uma troca dos corpos de soldados mortos em combate.
As negociações de paz propriamente ditas enfrentam um ime. A Rússia exige que a Ucrânia ceda os territórios que Moscou reivindica como anexados e que renuncie ao processo de adesão à Otan.
A Rússia também rejeitou uma trégua "incondicional" de 30 dias solicitada por Kiev e seus aliados europeus, argumentando que o cessar-fogo permitiria o rearmamento das forças ucranianas com suprimentos ocidentais.
Nas conversas, a Ucrânia exige a retirada total das tropas russas e quer "garantias de segurança" de seus aliados ocidentais. (Com AFP)